Mare of Easttown
Só posso dizer, é a melhor minissérie que já vi até hoje.
Mare of Easttown é centrada em Mare, uma detetive de cidade pequena. No entanto, é muito mais que um drama policial, é uma história sobrevivência ao dia-a-dia.
Tudo começa com um crime, mas ao longo da narrativa vão surgindo outros, que sujeita Mare a uma pressão constante vinda de várias frentes. Acresce a este ramalhete uma situação pessoal complicada: lida com dois lutos (de uma relação e da morte de um filho, em circunstâncias particularmente dramáticas); mora com o neto, a filha adolescente e a mãe; é vizinha do ex-marido; etc.
Logo, não é uma pessoa de trato fácil, mas como poderia ser?! Mare é só uma pessoa normal, com dias merdosos, sem paciência para floreados, uma família que é espetacular para quem vê de fora (como todas) e que lida com vários dramas em simultâneo.
Com uma narrativa diferente, cativante, densa, pesada e arrebatadora, esta minissérie dá-nos a conhecer uma profissional, mulher, amiga, mãe, avó, filha e ex-mulher, a Mare. Kate Winslet dá corpo a esta mulher real, falível, complexa e admirável, como eu gosto.
As representações são todas fabulosas, mas a Kate Winslet, como já é habitual, é insubstituível, ao nível de Frances McDormand. Colocando esta minissérie ao nível dos melhores filmes que já vi.*
Preparem-se para vários socos no estômago, calafrios, bocas abertas de incredulidade e um final absolutamente fabuloso. A estrutura dos episódios é perfeita, prende-nos episódio a episódio e não dá para parar de um para o outro. Assim o conselho básico é: tirem um dia e veja tudo seguido.
*Para se situarem dos filmes preferidos constam: Requiem for a dream, Seven, Fight Club, Três cartazes à beira da estrada…
Tudo histórias pouco bonitas e simpáticas, nem sempre reais mas perto disso.