Sobre Moçambique
Tenho por Moçambique, pela terra e pelas suas gentes, um enorme carinho; mesmo sem nunca ter lá estado. Como se explica isso? Não sei, apenas se sente.
Sinto fascínio pelo país: pela sua beleza natural, que conheço de documentários; pela gente afável, que os registos que conheço mostram ou descrevem; pela sua localização geográfica e pela comida, que mesmo nunca tendo comido, anseio comer.
A minha afeição pelo país é tal que escolhi apadrinhar uma menina moçambicana no seu percurso escolar, podia tê-lo feito em outros países, mas foi aquele que escolhi. Precisamente porque pensava ser, de entre os PALOP, o que tem maior potencial para ser “um bom país”.
Desde há longos meses que, por entre esta pandemia infinita, nos chegam notícias sobre o que lá se passa. Tudo começou, há muito mais tempo do que as notícias nos fazem acreditar, mas o impacto mediático veio com a entrada de jihadistas por Cabo Delgado que fazem em Moçambique o que fizeram em outros países africanos. Falamos de atos de violência como: homens degolados, rapazes raptados para serem transformados em crianças soldado, mulheres violadas e depois mortas e raparigas raptadas para serem escravas sexuais de soldados, os que tiveram sorte fugiram com a roupa do corpo. Tudo porquê? Não há justificação válida, mas não é certamente a religião. O homem na sua essência é ganancioso, incompassivo e cruel, qualquer homem de qualquer religião e em qualquer lugar do mundo. Aqueles homens aproveitaram a vulnerabilidade de um local atrativo e fácil de conquistar, depois de já terem destruído todo o caminho até ali, tomaram e destruíram aquele local.
Mas este fenómeno não é recente, nem novidade, desde há anos que o mundo assiste indiferente na TV ao que se passa em África sem agir, sem resolver o problema na fonte e sem grande compaixão pelo povo daquele continente. Como pessoa e como mulher lamento e doí-me ouvir os relatos das pessoas em geral, mas nas meninas/mulheres em particular sejam elas: moçambicanas, quenianas, somalis…. Admiro a sua resiliência e a sua capacidade de sobrevivência, pessoalmente penso que não era capaz de sobreviver a tal violência, aí alinho com as mulheres das Joy Division dos campos de concentração quando foram libertadas.