O Douro à Pendura, N222 (a ida)
Nada melhor do que ficar confinado num país como Portugal, com tanto para oferecer.
Já em junho fizemos a nossa primeira escapadinha na nova moto, adquirida uma semana antes desta terrível pandemia, a escolha foi o meu querido e adorado Douro. Apesar de termos já feito a N222 no ano passado a dois, este ano repetimos na companhia um casal de amigos que em seguida ia apanhar a N2.
Antes de falar sobre: a estrada, o traçado e a beleza; preciso de explicar que tenho uma relação especial e sentimental com a região. Sou neta de uma querida Avó natural da região, uma mulher incrível que terá sempre um lugar de destaque na minha vida. Quando chego ao Alto Douro Vinhateiro fico realmente tocada por tudo: o cheiro, a paisagem e o facto de pisar a terra que moldou a mulher da minha vida. Mesmo sendo minhota dos pés à cabeça, é ali que me sinto em casa, é ali que gostava de acabar os meus dias. O sentimento de pertencer a um sítio a que não pertencemos é estranho, mas é exatamente o que sinto. Posto isto, vamos à estrada!
No ano passado fizemos a N222 do início ao fim. Ou seja, de Gaia até um pouco depois de Vila Nova de Foz Coa, é um enorme disparate. Os quilómetros iniciais são uma tortura de trânsito e confusão e sem nada digno de nota. Só realmente interessante a partir de Cinfães do Douro. Portanto este ano (por enorme insistência minha) seguimos outro rumo.
Vindos de Viana do Castelo saímos antes da Ponte do Freixo e seguimos, maioritariamente pela N108, em direção a Entre-os-Rios, depois Castelo de Paiva. Apanhamos a N222 um pouco antes de Cinfães, uma forma digna e agradável de dar entrada naquela zona. Só este trajeto já é fantástico.
Depois disto é basicamente seguir a N222, aconselho a rolarem bem devagar para aproveitarem a vista e a natureza. Abram a viseira e cheirem: a terra, as cerejas (havia muitas este ano) e a vegetação. Andar de moto é isso: usufruir a proximidade com a natureza na sua plenitude. Lembrem-se que a região é curta. Quanto mais rápido forem mais depressa acaba e menos usufruem.
A estrada é boa, o traçado é magnífico e a natureza este ano está em toda a sua plenitude, é necessário aproveitar. Nada a dizer sobre isso: apenas façam-no ao vosso gosto e ritmo. Sei que a moda é a N2 (que já fizemos há 2 anos, ainda não estava na crista na onda) mas acho esta muito melhor e mais bonita.
Em Foz Coa é obrigatório ir ao museu, não deixem de ir por ser isolado, vale a deslocação. Se não de museus (coisa que não entendo, mas respeito) têm sempre a esplanada do restaurante que deve ser a melhor esplanada do mundo. Sobre o museu: é interessantíssimo e a visita às gravuras vale os 15€ - não é barato mas quando vale o dinheiro não é caro, é justo – aprendemos imenso. A nossa guia foi a catalã e arqueóloga Glória, certamente que a paixão dela ajudou a cativar a nossa atenção. Adoramos!
Em Vila Nova de Foz Coa ficamos alojados na Quinta do Chão d'Ordem, aconselho a reservarem diretamente com os donos é melhor para todos, tem parque reservado dentro da quinta deixo o link.
http://www.chaodordem.com/pt/default.html
Jantamos na maravilhosa Petiscaria Preguiça, garanto que vale a viagem. Não só pela comida mas pela estrada e pelo céu; sim o céu. Das duas vezes que fomos podemos ver o céu sem luz artificial: lua e estrelas incríveis de tirar a fôlego. Só têm de abrir a viseira e rolar bem devagar, até parar e apreciar, do melhor. Deixo o link e uma foto tirada no local, convém reservar.
Sobre o primeiro dia é isto, não há muito a descrever porque realmente tem de ser visto e vivido, simplesmente vão e aproveitem. Acabamos o dia cansados, mas aquele cansaço bom e reconfortante de quem viveu em pleno.