O “COITADISMO” E A SOCIEDADE ATUAL
Vivemos numa sociedade - na sua pequena, média e grande dimensão – que valoriza e se move em torno do coitadinho, em detrimento da valorização dos mais aptos e menos problemáticos.
Tudo começa pela nossa micro sociedade: a Casa; porque a família não é mais do que o reflexo da macro sociedade em que se insere, ou o recíproco. Hoje os pais que procuram, desejam e trabalham para: dar e obter o melhor dos seus filhos; são os mesmos que se focam e fazem tudo rodar em torno do que é identificado por eles como um problema ou um filho problemático. Negligenciando, muitas vezes esquecendo, aquele que nunca deu problemas como se não precisasse de uma parentalidade ativa.
Façam o seguinte exercício: pensem em pais que conhecem com vários filhos, até mesmo os vossos. Há sempre de entre eles um, ou mais, que “dá problemas”. O que acontece a esses pais, mesmo até aos restantes irmãos?! Todos passam a viver em torno dessa pessoa, como se eles próprios só tivessem significado ao conseguirem que aquele ser seja bem-sucedido; desvalorizando, não raras vezes, na totalidade os sucessos dos menos problemáticos.
A “média sociedade”: a Escola. É hoje um lugar onde um aluno problemático (a nível de comportamento ou aproveitamento) quase monopoliza: reuniões, meios, recursos e a atenção de todos. Mesmo que existam vários alunos, se estes tiverem bom aproveitamento e comportamento são apenas um “nada a dizer”. Penso que vivemos numa sociedade cada vez mais desigual e temos de aprender a viver com essa diferença, querermos que sejam todos iguais é um princípio para que a nossa individualidade deixe de existir.
Nem todos querem estudar, nem todos vêm significado na Escola e nem todos a valorizam; por muito que nos custe temos de respeitar. Podemos tentar mudar essa visão, ser diferentes e criar empatia; mas se isso faz parte do individuo pouco ou nada há a fazer. Resta apenas esperar que a penitência de 12 anos de escolaridade termine para esse aluno.
A sociedade torna-se desigual à partida pois não respeita os sujeitos “danificados”, tentando mudar quem é diferente e encaixar os mesmos dentro dos pacotes de sucesso estabelecidos por quem os rodeia.
Um mau filho pode arruinar uma família, especialmente um bom filho que acaba negligenciado; e isso é errado, mas socialmente aceite (mesmo na bíblia, onde temos o filho pródigo). Portanto pais de bons alunos, se vocês o fazem não esperem que a Escola seja diferente!
Atualmente tende-se a desvalorizar quem: sem coitadismo, mas com: esforço, dedicação e trabalho, alcança naturalmente o sucesso. O protecionismo exagerado dos menos aptos em detrimento da valorização do sucesso dos mais aptos e capazes, estará a levar a sociedade por um caminho onde todos saem prejudicados.
Este artigo mais do que uma crítica é um elogio aos filhos e alunos que não deram problemas e por isso não viram os seus sucessos valorizados. Conheço dezenas/centenas de casos de não valorização porque “não fizeram mais que a sua obrigação”, o que é um contrassenso face ao comportamento de toda a sociedade.