O CASAMENTO
Há exatamente dois anos casamos, sem grandes formalidades, o que pretendíamos era assinar o papel e fazer uma pequena festa com alguma família e amigos. A ideia era fazer algo simples, tentar não pregar nem apanhar grandes secas, comer e beber bem.
- O pedido: na passagem de ano anterior sou interpelada com um “É para casar não é? Tratas disso? Mas nada de secas, ok?” e respondi “Ok.”. Nada de anel, joelho no chão ou grandes balelas; sei o que tenho. O casamento era uma questão prática e uma festa, porque que ficávamos juntos já estava visto há muito tempo.
- O local: não queríamos grande logística. Portanto teria de ser algum lugar que trata-se de tudo: cerimónia, decorações, comida, serviço, bolo e principalmente que confiássemos. De duas opções ficamos com a melhor relação: de confiança e compromisso, preço/qualidade e maior proximidade geográfica. Foi no Alcazar, lugar que frequento desde pequena, com gente que conheço e me conhece desde pequena.
- A data: 2 (número primo), setembro (sem os preços de julho ou agosto mas com bom tempo mais garantido), o ano 2017, tinha de ser um ano primo porque adoro números primos e era uma condição importante para mim.
- O tema: não havia tema, não havia sessão pré-casamento, nem fotos da nossa vida e muito menos etiqueta. Ambos queríamos algo simples, se tivesse tema seria: simplicidade. A decoração queria algo campestre e que não fosse grande nem vistoso, com muitas hortênsias. Conseguimos o que pretendíamos. Sim, muitas pessoas acham estranho porque há o que se usa e o que não se usa, mas não nos regemos pelos padrões dos outros, temos os nossos próprios.
- A roupa: o meu vestido (Rembo. Moda Café) era simples, confortável e lindo; calcei botins que mandei fazer em branco porque para mim é o calçado mais confortável; o penteado estava lindo com flores naturais e a maquilhagem simples, mais uma vez nada de muito show nem brilho. O noivo escolheu a roupa em uma hora e estava impecável, aliás falou-se mais na roupa dele que no meu vestido.
- Comida e bebida: escolhemos, junto com a Melanie, cada coisa que foi servida. Até aí fugimos do estabelecido e comemos o que queríamos: sushi, marisco, leitão e bolo de bolacha da Marbella. Era muito importante que a comida fosse muito boa, fizemos tudo por isso. E correu tudo bem, impecavelmente bem, há sempre uma outra coisa que com tanta gente e nem serviço desse tipo falha. Mesmo o bolo dos noivos, caipirinhas e mojitos acho que não sobrou nada.
Confesso que no dia não comemos grande coisa, porque apesar do casamento ser pequeno (menos de 100 pessoas, incluindo mulheres e crianças) não tínhamos mãos a medir para conseguirmos por a conversa em dia, juntamos um bom grupo e isso refletiu-se. No entanto, guardaram-nos um valente prato de sushi que devoramos em minutos.
- A festa: O DJ, a animação e a fotografia, tal como tudo o resto, foi entregue a pessoas que confiamos e por quem temos carinho, não íamos fazer que outra forma e foi a fórmula certa. Foi animado, sem secas e até tivemos coreografia não contratada. A música foi o que nos levou mais tempo na organização, tal como a comida foi criteriosamente escolhida, quase música a música. O momento mais mágico foi: quando tocou a Creep dos Radiohead e a cantamos aos gritos com os nossos amigos e família, sem ensaios naturalmente saído do coração de quem nos conhece desde sempre, porque é o que somos. Não foi a entrada, a troca das alianças e qualquer outra formalidade, foi mesmo aquele
Não, não foi um casamento com grandes fotos, apesar de ter imensas publicações que os convidados fizeram do dia, não foi um dia de princesa, foi apenas um dia feliz e que fica na memória de quem o partilhou, foi o espelho do que somos.