DUMMY, O ALBÚM
O álbum da minha vida fez 25 anos, ouvi e ouço muita música de muitos géneros, mas se me apontassem uma arma à cabeça para decidir, era este o último álbum que queria ouvir antes de fechar os olhos para sempre: Dummy dos Portishead. Agora por favor não me peçam para escolher uma música…
Não sou: triste, nostálgica, psicótica, antissocial ou isolada; mas este álbum mexe comigo. Toca nas minhas emoções mais profundas e arrumadas; aquelas coisas metidas naquele lugar longínquo da nossa mente, coisa que nos permite seguir em frente com a sanidade mental necessária para enfrentar o dia-a-dia.
As letras são magníficas e Beth Gibbons é a minha Deusa, a emoção que ela dá a tudo o que escreve (de forma tão crua, assertiva e simples) toca até o pêlo mais pequeno na nossa derme. Os arranjos e as letras são o casamento perfeito, pelo que sei primeiro é a música e depois a letra, é o que dizem porque a Beth não dá entrevistas pois entende que “tudo o que tem a dizer está nas suas letras”; a julgar pelas letras é alguém muito introspetivo e tímido –isto nota-se em palco- portanto entendo o boicote.
Tive a felicidade de os ver ao vivo no mítico concerto do Coliseu do Porto, o primeiro concerto de seu regresso, este foi o momento mais místico da minha vida. Estava em total adoração; aí ouvi ao vivo tudo o que sonhava ouvir; vivi, senti e respirei aquele ar com o sentimento de que se morresse naquele momento morria plenamente feliz e realizada (entenda-se que tinha acabado de sair da Universidade e achava que a minha vida nunca teria um ponto tão alto como aquele). Ali estava eu numa sala cheia de gente que –como eu- sabia as letras todas e manteve-se em silêncio por: respeito, adoração e incredulidade pelo que vivia, pura magia.
É tudo tão magistral que nem precisavam de ter feito mais nada para serem topo dos meus gostos musicais. Acrescentaria mais alguns álbuns: Mezzanine dos Massive Attack; Ok Computer dos Radiohead, Ten dos Pearl Jam e (só para não pensarem que deixei de ouvir música com 14 anos) In Rainbows dos Radiohead.