Diário de uma pendura: Viana do Castelo-Miranda do Douro (dia 1)
A 27 de julho de 2019 começamos a nossa primeira grande viagem de mota, a previsão era de: 4500 km, 13 dias (12 noites) e outras tantas cidades. Partimos de Viana do Castelo (casa) com um típico dia de verão na cidade: chuva e vento.
Saímos de casa com chuva e vento até Vila Real, tanto a chuva como o vento tiveram variações de moderados a fortes. Só isto podia dar para desanimar, confesso que desanimou um pouco, mas pensamos que era uma boa hipótese para testar a impermeabilização do equipamento logo no início. Tanto o fato de chuva como as botas aguentaram-se à bronca mas as luvas nem por isso -normalmente levamos luvas de latex para meter por baixo mas na última viagem desfizeram-se e ficou uma porcaria então fomos só mesmo com luvas de verão- aqui recomendaria levar umas luvas impermeáveis por baixo. O meu capacete tinha uma pequena folga na borracha e é logo uma chatice que está sempre a embaciar porque não tinha Pinlock, lá terá de ir para a garantia. Até Vila Real foi só andar, autoestrada e só paramos mas abastecer. Chegados a Vila Real e sem chuva, tiramos a tralha toda e saímos para percorrer as nacionais.
Gosto muito de viajar e conhecer coisas novas, mas de moto é outro registo. Andar em ritmo de passeio, aproveitar as vistas, abrir o capacete sentir o vento e o cheiro das coisas, a natureza a tocar quase todos os sentidos. Viajar na região do Douro é um regalo: as paisagens são de cortar a respiração. O Alto Douro Vinhateiro tem muita fama, mas toda é pouca.
O xadrez de cores formado pelos socalcos das diferentes culturas da região, porque não é apenas vinha, faz desta região a mais bela de Portugal; o local onde Homem e natureza tem o equilíbrio perfeito e o resultado está à vista. Gosto muito do Minho, do seu clima ameno e da Serra do Gerês; da Costa Alentejana e da Madeira, mas quando percorremos a Região do Douro nem sabemos onde pousar os olhos tal é a beleza que nos rodeia. Estava verdadeiramente maravilhada (mesmo depois da Escócia e de várias idas ao Douro em diversas épocas do ano), talvez porque tínhamos levado com tanta água e vento na tromba que tudo parecia ainda mais maravilhoso, foi um momento único e esplendido.
Chegados a Miranda do Douro fomos diretos visitar a Família Garcia, do marido, que era o propósito desta paragem: mimo, saudosismo, carinho e partilha familiar. Miranda do Douro merece a visita, mas não posso recomendar onde comer e dormir porque isso fica sempre a cargo da família que é impecável.
Imagem da casa da avó paterna do meu marido, onde ele e o irmão passaram muito tempo das férias na infânica. Local onde -segundo o próprio- um mês sem supervisão parental dava direito a uma transformação radical de visual. Uma dieta equlibrada à base de mimo, selvagaria, pão, doces e enchidos. Tudo isto resultava numa grande vontade de viver assim para sempre, pedir a emancipação e fugir dos pais.