Diário de uma Pendura, porquê?
A ideia de relatar viagens de moto da perspetiva de quem organiza a logística recreativa (a mecânica fica a cargo do condutor) e viaja à pendura surgiu quando tentei encontrar informação e havia muito pouco escrito sobre isso, especialmente em Portugal. Se repararem neste país é, geralmente, um homem por moto. Em alguns casos (normalmente em grupo) vêem-se alguns casais e ver uma mulher a conduzir moto é um acontecimento notável.
Falo com algumas penduras e a maior motivação para saírem à pendura é: gastronómica. Dar uma voltinha de um dia ou meio dia, ir comer fora, apreciar umas paisagens e feito; duas ou três vezes por ano, mais de metade é isto. A maioria só o faz porque o companheiro a “chateia muito!”. Pessoalmente gosto de passeios pequenos e grandes, preferencialmente no registo a três, o casal e a moto.
A maior e mais espetacular viagem que fizemos, até hoje, foi no verão passado, com a nossa querida Honda NC750X. Durante 13 dias e mais de 5000 km, pelas fronteiras de Espanha. Ficamos a conhecer melhor o país vizinho e pudemos rastrear lugares a voltar, outros simplesmente riscamos.
Tudo foi antecipadamente planeado e reservado, neste tipo de viagens nada deve ser deixado ao caso. Todos os locais de estadia tinham roteiro turístico feito e reserva de hotel, com garagem para a moto. Todos os trajetos tinham locais de passagem com pontos de interesse, mas muitas vezes fizemos desvios, só para ver isto ou aquilo que gostamos na passagem. Viajar de moto permite isso, ir num instante ali só ver o que é e voltar ao trajeto planeado, sem perder muito tempo com a (quase) certeza que passas em todo o lado.
Comecei o diário da viagem, mas não acabei, passo a descrever o roteiro. Até ao dia 6 já está escrito no blog, portanto retomo a partir daí.
Roteiro da viagem:
Dia 1: Viana do Castelo – Miranda do Douro
Dia 2: Miranda do Douro – Évora (por Espanha)
Dia 3: Évora – Sevilha
Dia 4: Sevilha – Málaga
Dia 5: Málaga – Cartagena
Dia 6: Cartagena – Valência
Dia 7: Valência – Barcelona
Dia 8: Barcelona (paragem)
Dia 9: Barcelona – Saint Savin, pireneus franceses
Dia 10: Saint Savin – Pamplona
Dia 11: Pamplona – Bilbao
Dia 12: Bilbao – Riaño, parque natural de Picos de Europa
Dia 13: Riaño- Viana do Castelo
Numa viagem de tantos quilómetros e durante tantos dias, depois de muita leitura, percebemos que é sensato parar pelo menos um dia, mais ou menos a meio. Para descansar o corpo e lavar roupa 😉
Aconselho a fazerem a paragem num local calmo e efetivamente descansar, optar por uma grande cidade (como fizemos) tem prós e contras. Pró: tens mais tempo para visitar locais de interesse; Contra: estás cansado, não tens energia para o fazer devidamente.
O ideal será rolar um dia e visitar noutro dia, o que implica duas noites no mesmo local. Não foi o que fizemos porque: era muito tempo e o orçamento não dava. Acabamos por no mesmo dia rolar, em média, 400km e caminhar 10 a 12 km; depois disto estivemos 3 dias sem sair de casa, só a recuperar das férias.
Com esta experiência alteramos a organização diária, andar de moto 200 a 300 km por dia e visitar os locais no mesmo dia. Isso permite combinar ambas as coisas no mesmo dia, mantendo algum equilíbrio físico e mental. Como casal, gostamos de andar de moto mas também conhecer novos locais. Logo o ideal é andar de moto, devidamente equipado, mas chegar, refrescar e turistar (usar roupa leve e sapatilhas, arrumar a moto na garagem, andar a pé ou de transportes públicos, deambular e conhecer). Como podem verificar sugestões não faltam, planos também não, faltam é normalidade e euros.