BIG LITTLE LIES
Big Little lies vem confirmar um novo formato de série: mais curtas e baseadas em excelentes livros; talvez seja reflexo da necessidade que a indústria teve de se reinventar. Esta série é uma adaptação de um livro (tal como the handmaid tale), demasiado complexo para ser um filme e que cabe em uma série de poucos episódios. Possivelmente este é o momento em que a indústria muda o seu paradigma e remete os filmes para um público mais convencional e menos exigente: em termos que argumento e representação.
A série é a descrição da sociedade atual, do meu ponto de vista nua e crua. Uma sociedade elitista, onde todos temos de parecer: perfeitos, fortes, determinados e vencedores. Sendo que as mulheres ainda têm de ser: esbeltas, excelentes donas de casa e mães. Onde não é admissível mostrarmos fragilidades em público, mas na intimidade podemos ser os maiores pulhas. Atualmente dado o nível de hipocrisia social, ninguém de facto conhece ninguém, logo acabamos a ser o que parecemos e não o que somos realmente.
Felizmente tenho amigos, que sabem que tenho falhas (muitas) e não me julgam, tal como não os julgo. Podemos falar sem estigmatizar nem nos sentirmos expostos, porque só assim se pode ser amigo.
A hipocrisia é um mal necessário, porque para vencer temos de jogar o jogo e esta série deixa-o preto no branco, acho-a muito boa. Um excelente ponto de partida para uma reflexão sobre a sociedade atual, onde as problemáticas são transversais às classes sociais e faixas etárias. Tem excelentes: representações, argumento, realização e uma excelente banda sonora (o genérico não me sai da cabeça).
Não deixem de ver, o trailer não lhe faz jus de forma nenhuma.
[Parece que falta uma descrição da série, mas não, é tão e somente isto: somos nós dentro da casa das pessoas que achamos ter vidas perfeitas.]