O Encarregado de educação do século XXI passa a vida na escola, alguns todas as semanas; são solicitados mais de três a quatro vezes por ano, muito mais.
Os EE de hoje querem não só falar com o DT mas também com o professor A, B ou C; muitas vezes não querem bem falar… Não pedem, solicitam; não ouvem, querem ser ouvidos; não refletem, nem ponderam, simplesmente agem.
Vão à escola por dois motivos: tudo e nada. Perderam a confiança nos educandos, nos professores e em todo o sistema. Ainda que afirmem que conhecem muito bem os seus educandos, na realidade não conhecem (não no contexto escola, onde são uma matilha e têm essa mesma dinâmica), nem podem conhecer. Quanto tempo passa um aluno na Escola? E fora dela?
O EE do início do século XXI tem no filho (que diga-se a bem da verdade é muitas vezes o foco da vida de todos que os rodeiam): o apogeu da sua realização, a projeção de todas as expectativas e sacrifícios; foi esta sociedade que assim os fez. Esta é uma reflexão, uma constatação, não é uma crítica e nem uma descrição totalitária. Existem muitas e boas exceções.
Aqui falo de pessoas: naturalmente desconfiadas, hiperprotetoras e, apesar de só quererem o melhor para os seus educandos, não os deixam ser.
Atualmente os EE são requisitados para tudo, e por todos. Na Sociedade atual pais que não vão à escola são conotados como “aqueles que não querem saber”. Do lado de fora podemos ter a impressão que os EE são ouvidos, mas -na minha opinão- não são, como ninguém é. Especialmente aqueles que “estão sempre na Escola a reclamar de tudo” perderam o peso realmente influenciador – tal como o Pedro, do Pedro e o lobo.
Nós perguntamos aos pais e às crianças coisas como:
- O que vai ser? Desde sempre.
- O teu filho o que diz em inglês? Aos 5 anos.
- Como vai a Escola? E a Matemática que nota tens? Desde que entra na Escola.
Deveríamos perguntar:
- Já saltas? A que altura? E comprimento? Gostas de cães ou gatos? Desde que eles falam.
- Quem são os teus amigos?Já sabes nadar? Desde que iniciam a Escola.
- És feliz? O que achas que te faria feliz? Todos os dias
No fundo todos sabemos o que devemos fazer e dizer, mas todos acabamos a fazer o que está instituído. Porque é o que se espera, porque é confortável e sabemos que à partida dá para uma conversa circunstancial, nem grande profundidade.
Vou a frisar que é uma reflexão, não um apontar de dedo. Sei que todos fazem o melhor que sabem e podem, isso não implica que estejam certos; nem que eu esteja certa.
Este é um dos meus boletins de avaliação do 1º ciclo, seria hoje esta informacão satisfatória para um EE? É mau? É suficiente? É realmente preciso mais que isto?