Ser Professor (de Matemática) em 2017 [Parte 2: a burocracia]
Com o que atualmente os Professores mais se deparam é, no meu entendimento, a burocracia. A quantidade de papel sem sentido e repetitivo que se produz no sistema de ensino em Portugal deveria ser alvo de um estudo exaustivo e de uma séria revisão.
Preenchem-se grelhas iguais, com parâmetros desajustados, para avaliar coisas incomparavelmente diferentes – tanto em conteúdo, como em objetivo ou forma.
Somos avaliados pela quantidade de papel que produzimos (independente da sua relevância ou qualidade). Ficamos de tal forma submersos em burocracia que as salas de Professores passaram de locais afáveis, a locais com infindáveis problemas informáticos e silêncio absoluto, apenas quebrado por intervalos ou “bufadelas” de desespero. Nesta fase do ano apenas se fala de grelhas, reuniões e relatórios.
Mesmo durante o ano não há espaço para: partilha, diálogo ou reflexão; está tudo demasiado absorvido pelas frequentes: alterações, inspeções e relatórios.
Assim, tende a reduzir-se a profissão a um conjunto de procedimentos, nos quais o Professor se perde no processo e transforma numa barata envolta em papel.