Cinema
Ontem foi o dia mundial do cinema, andava tudo a fazer listas de filmes e eu também fiz a minha.
1º) Requiem for a dream: um filme duro, muito cruel, tal como a realidade. Não é para todas as idades, nem para todas as cabeças. Quando o vi a primeira vez, há mais de 10 anos, fiquei vários dias atónita. Mais do que uma lição de moral, uma lição de vida; o que não fazer e o rumo a não seguir está neste filme. Ah, e tem uma banda sonora que é uma obra-prima.
2º) Sete pecados mortais: grande filme, fabuloso argumento e excelentes atores. Foi durante anos o melhor filme que vi, várias vezes, coladíssima até ao fim à procura de todos os pormenores da história. Ver este filme só uma vez não chega, a história tem demasiadas subtilezas e como se está sempre à espera que aconteça qualquer coisa, escapam pormenores. Gosto de ler policiais, mas este é o único filme policial que merece destaque!
3º) O Fabuloso destino de Amélie Poulain: Este filme é lindo, uma obra-prima da sétima arte. Mostra como: com pequenos gestos a nossa vida deixa de ser vulgar; qualquer um pode fazer a diferença no mundo que o rodeia e é Paris no nosso imaginário. É muito engraçado, ligeiro, alegre, tem uma ótima banda sonora e desperta a Amélie que há dentro de nós.
4º) Snatch: Uma história insólita, com um elenco de topo (tem talvez a interpretação mais exigente do Brad Pitt), é de andar aos tombos de tanto rir e mostra que os porcos não são animais dignos de alimentar um ser humano. Eu não como porco por causa do colesterol e dos triglicerídeos, mas antes de mais é por causa deste filme.
5º) Fight Club: Um filme com final estranho, nada óbvio (pelo menos para mim), que mostra como todos temos um dark passenger, mas nem todos o "deitamos cá pra fora". Simplesmente adoro!
6º) Inglourious Basterds: Tarantino é obrigatório para mim, gosto da panca dos filmes dele. É estranhamente louco, criativo e genial. Quase parece que podia ser verdade, sinceramente não sei se foi. Adoro este imaginário sangrento, violento e esporadicamente cómico; sempre com uma moral bem clara e assertiva.
[Nota: É o último do Brad Pitt, o homem faz filmes que gosto e é um grande ator, há pouco que saibam escolher tão bem os filmes que fazem.]
7º) A lista de Schindler: O melhor relato cinematográfico de um dos episódios mais negros da história recente da humanidade. Este filme tornou-me particularmente sensível a temas como o holocausto, mas também me faz refletir sobre a culpa de todos os que não fizeram nada, tornando-se cúmplices. Uma história muito triste, sobre um homem com coragem; tal como o nosso Aristides de Sousa Mendes, mas o filme sobre a vida dele foi bastante fraco.
8º) Finding Neverland: Um filme belo, denso, baseado na história real que relata - mais do que - o processo criativo do autor de Peter Pan. Penso que este filme fala essencialmente sobre a necessidade que o ser humano tem de fantasiar, como a única forma de conseguir sobreviver à dura realidade do quotidiano; como a vida pode ser cruel, mesmo para as crianças. Com um Johnny Depp que se mostra capaz de fazer interpretações fora do cinema fantástico.
9º) Big Fish: Não poderia deixar de ter Tim Burton. Penso que este é o seu melhor filme, ainda que tenha visto todos os outros, esta foi a história mais interessante de todas e sem dúvida a mais comovente. Destaco este filme não pelos efeitos, pela estranheza das personagens ou da história (aí teria de ser o Eduardo Mãos de Tesoura, que à época foi um feito fantástico); mas pela beleza da história em que real e imaginário têm apenas uma linha ténue que os separa, sendo que o segundo torna o primeiro muito mais belo e interessante.
10º) Amigos Improváveis: O filme mais recente da minha lista e talvez o menos visto. O que poderia ser um filme de domingo à tarde revelou-se uma excelente surpresa. Tem um sentido de humor fantástico, uma história muito interessante e que nos faz olhar as limitações (físicas, sociais, raciais...) como um obstáculo difícil de ultrapassar, mas ultrapassável.
Estes são os filmes que mais gostei, de todos os que vi até hoje. Uns mais comerciais outros mais independentes, mas todos eles marcantes à sua maneira. Com uma presença assídua de Brad Pitt no elenco, mas porque é o melhor ator da sua geração e fez uma gestão brilhante do seu potencial. Na maioria são filmes dramáticos, densos e difíceis de ver. Talvez porque goste sempre de conhecer a realidade mais dura, para tornar a minha mais leve. A relativização, tal como o conhecimento, são uma benção.
Bons filmes!