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O Blog da Ervilha

Um blog sobre tudo o que me apetece.

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Hoje não te posso dar os parabéns...

Hoje pela primeira vez desde 1999/2000 não te posso dar os parabéns. Apenas porque é o teu primeiro aniversário depois de desapareceres.
Farias hoje 31 anos, são poucas as horas que separam os nossos nascimentos e algures entre 1999 e 2014 descobrimos que foi na mesma maternidade! Em 15 anos de convivência foste meu colega de turma, meu amigo e meu aluno; foi sem dúvida a coisa mais sui generis que me aconteceu, ligares-me a dizer "Acho que vais ser minha professora de Análise.".
Vimo-nos crescer, tu deixaste de ser um rapaz muito tímido e introvertido; eu deixei de ser aquela rapariga que só gostava de futebol e matrecos. Vi a tua mudança radical na forma como vivias e encaravas a vida no 11º ano, porque as circunstâncias mudaram e tu percebeste que a vida tem de ser vivida. Foi o melhor que fizeste. 
Eu fui pra Braga e tu para o Porto, mas não perdemos o contacto e haviam sempre fins de tarde de Verão passados numa esplanada.
Foste sempre bondoso até ao fim, solidário e genuinamente adorável, das melhores pessoas que conheci. Nunca tentaste tirar partido das circunstâncias que te podiam ser favoráveis e conseguiste ser um aluno muito bom e um ótimo colega.
Admiro-te por teres lutado, por teres tentado proteger quem te rodeava, merecias uma homenagem mais digna. Porque contigo aprendi que a vida tem de ser vivida, que não devemos adiar cafés e chás, e que não basta lutar, tu lutaste muito, lutaste tudo, mas nem todos sobrevivem.
Ainda assim valeu a pena lutares, porque venceste batalhas, ganhaste anos, meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos. Na realidade quem realmente perdeu foram os que rodeavam.
Esta é a minha forma de te dar os PARABÉNS!

Ser madrinha...

Desde 4 de outubro de 2014 que sou madrinha, sem ser mãe. Não sou mãe (ainda) mas tenho um afilhado e isso é fabuloso, poder acompanhar de perto uma criança e aproveitar para fazer um campo de treino para a maternidade, é espetacular. 
Tenho 30 anos e um afilhado, mas também sou afilhada. A minha madrinha tem um papel muito importante na minha vida, vivi toda a minha vida ao lado dela (somos vizinhas). É uma pessoa com quem posso contar, que se preocupa comigo e com quem me preocupo. Preocupou-se com a minha educação, fez parte dela e dizia sempre para ter juízo, ri-se dos meus disparates e ouve as minhas preocupações. Passo todos os Natais em casa dela, mas está presente todo o ano e toda a minha vida. Será, juntamente com o meu padrinho, minha madrinha de casamento.  Por tudo isto encaro este papel com seriedade e compromisso.
Como tudo isto começou: tenho uma amiga desde os 15 anos que foi mãe um belo rapaz, decidiram batizar a criança, pelo que recebo uma mensagem para falarmos sobre o meu papel no batizado. Pensei que ia ler e já estava toda contente, até que o Vicente me diz "Deve ser para seres madrinha."; ao que respondi, em pânico,  "Achas?!". E sim, estava certo. Fiquei radiante com a intimação para esse papel! 
Nos últimos tempos tem-se assistido a uma "moda" de os padrinhos serem os tios e as tias, mas neste caso (ainda bem para mim) a opção foi diferente . O  meu afilhado tem tios e tias, que têm o seu papel definido na vida do meu afilhado, também juntou a madrinha e respetiva família e o padrinho e respetiva família. Tem portanto um rede muito alargada de pessoas que podem ajudar e partilhar o seu crescimento. 
Ser Madrinha (godmother) é formalmente ser mãe perante Deus, mas mais do isso é sermos escolhidas para sermos uma ajuda para a mãe em tempos difíceis e uma espetadora da felicidade em tempos alegres. Tento estar com o meu afilhado sempre que possível, atrapalhar na hora do banho, fazer-lhe um risoto de vez em quando e deixar que me babe com beijos. 
Espero que durante esta jornada educativa não estrague o que os pais fazem, óbvio que tenho de estragar um bocadinho. Mas vou tentar não me deixar levar pelos olhos azuis, as bochechas rosadas e a cara de calimero, e assim fazer um bom trabalho. Tentarei fazer o melhor possível enquanto madrinha, para conseguir educar o meu querido afilhado da melhor forma.
Enquanto boa madrinha tenho fotos do meu afilhado no meu telemóvel que mostro com orgulho, o meu protetor de ecrã é uma foto dele mascarado de sapo no Carnaval, digo orgulhosamente o meu afilhado é o mais bonito do mundo e no dia que me chamar madrinha (ainda não tem 2 anos) será um dia de euforia! Se ser avó é ser mãe com açúcar, ser madrinha é o quê? Ser mãe com calda de açúcar :) 

A careca de Laura Ferreira

Estou indignada com o que se tem dito e escrito sobre a Sra Laura Ferreira, apenas por ter aparecido em público sem temer a sua condição de doente oncológica. O que mais me chateia é isto ser sequer assunto de capa. 
Pensava que era do conhecimento geral que a esposa do Primeiro Ministro estava com problemas de saúde, achava que já se tinha falado demais sobre os problemas oncológicos da senhora no último ano. Nunca me pareceu que os próprios quisessem explorar a condição da Senhora, sempre foram muitos discretos, até porque há muito mais do que falar na política portuguesa e europeia. 
Achei que todos foram sempre pouco simpáticos e cordeais com a situação da vida pessoal desta família, independentemente da cor política, acho isto lamentável. As pessoas sofrem, são humanas, especialmente o português comum tem-se portado mal quando fala sobre o assunto; estamos todos a sofrer mas não se deseja mal a ninguém.
Foram recatados e tentaram resguardar a sua privacidade, as pessoas não se podem, nem devem esconder. Agora SÓ porque apareceu careca a senhora e o seu marido são apontados, por isto e por aquilo. E se tivesse aparecido com californianas o que diriam?! 
Facto é, a Sra. Laura tem cancro e tal como outras mulheres e homens, assume a sua careca e todas as outras consequências de quem sofre com deste flagelo transversal. Eu, como todas as pessoas, conheço e convivo com pessoas que sobreviveram ao cancro, que tentam sobreviver e que não sobreviveram a esta doença que consome todos os que estão doentes e os que os rodeiam.
Penso que já basta de tanto falatório, esta família e os seus amigos, têm o direito de viver a sua vida. Optou por não usar peruca, qual é o problema?! Como mulher imagino (ainda que a minha imaginação não consiga jamais alcançar tal provação) que não seja fácil lidar com tudo isto, mas é preciso andar para a frente e agarrar o touro pelos cornos, foi o que ela fez. Tem os no sítio e está com certeza pronta para a atirar isto tudo para trás das costas, porque está mais preocupada em sobreviver. 
A senhora esteve demasiado tempo sem acompanhar o marido e agora que o pode fazer não se deve esconder (até porque a concorrência deve ser feroz), além de ter uma filha pequena a quem tem de explicar tudo o que está a acontecer. É uma mulher normal, deixem a senhora ser o que é. Força nisso, Laura!

E que bonita que está...


Os Exames Nacionais...

Hoje escrevo como Professora de Matemática, alguém ao longo de 8 anos de profissão se esforçou sempre por ensinar, que só este ano letivo mandou cerca de 20 alunos a Exame Nacional. Decidi por isso partilhar algumas reflexões sobre o assunto.

Qual o objetivo dos exames nacionais?!
Esta é a pergunta que ainda hoje me faço. No 12º ano parece-me óbvio, lógico e acertado é o acesso ao ensino superior. Numa tentativa de garantir a tal "igualdade e acesso" consagrada na constituição. Todos (pelos menos os que estão profissionalmente ligados à educação) sabem que há várias formas de aceder ao ensino superior e de mascarar notas para facilitar entradas, o ministério descobriu isso este ano depois de um estudo feito, divulgado este ano letivo.
Em todos os outros ciclos de ensino (1º, 2º e 3º ciclos) parece-me um exagero todo o ênfase dado aos resultados dos exames nacionais, especialmente no 4º e 6º ano é horrível o que fazem às crianças. Chega a ser desumano ver aqueles pequenos sujeitos a estes níveis de pressão.
Penso que será uma tentativa de "homogeneizar" o ensino a nível nacional, ainda que me parece impossível. Também pode ser para alimentar os rankings e as ideias neoliberais de educação, com vista à catalogação das escolas (não existissem já preconceitos suficientes dentro das escolas).
Ainda que sendo Professora de Matemática, tendo a odiar esta medida cega, feita por 2/3 horas de uma prova, cujos critério de correcção são discutíveis. Prova com claros objetivos políticos, que seguem uma linha ideológica.
Todos os professores sabem, a maioria assume sem qualquer problema, que em ano de eleições as provas são mais fáceis. Todos os professores de Matemática sabem que as provas de Matemática desta legislatura foram as mais difíceis de todos os tempos, sendo em alguns exercícios de um grau de dificuldade absolutamente despropositado, sabemos e prevíamos isto porque todos lemos o que o Crato escreveu, conhecemos a sua linha ideologia de rigor e exigência, que cego pelo poder agravou e mostrou isso ao mundo, da pior forma. 
Este ano não foi exceção, aquando da datas das provas todas as vozes foram unanimidades a dizer que as provas tinham sido bem mais fáceis que nos outros anos; os resultados não foram melhores, porque assistimos a uma sangria desatada na alteração de critérios ao longo do processo de correção, alterações que na sua maioria (exceção feita ao 4º ano) prejudicaram muito os alunos.
Onde está a justiça disto tudo?! Em lugar nenhum. A nota de uma aluno que tenha feito exame em 2008 não pode ser comparada com a nota de um aluno que fez exame de 2013, portanto não existe igualdade neste processo. Esta linha ideológica só serve para aumentar o sentimento de injustiça, que os alunos já foram acumulando ao longo do seu precurso escolar. Este ano será o ano em que alunos ficaram baralhados com os resultados, por até lhes correu bem, mas a nota não corresponde(rá). Qual é o objetivo?! O que aprendem com isso?! Nada. Agudizará a resistência à disciplina, o sentimento de injustiça e baralha toda a gente.
Os exames não mostram o que alunos sabem, são ou sabem fazer; mede apenas um conjunto de habilidades que alguém define - aqueles alguéns que muitas vezes não fazem ideia da realidade da sala de aula dos anos que legislam, que não dão aulas, nem nunca deram e de certo modo até temem ter de dar, e mesmo os que deram era preferível que nunca o tivessem feito.

Sou daquelas pessoas que quando o Sr Ministro Nuno Crato foi anunciado como Ministro da Educação ficou sinceramente feliz, até eufórica. Admirava o seu rigor, o que escrevia sobre ensino da Matemática ia de encontro ao que penso, tenho até vários livros dele que lia com entusiasmo. Neste momento, anseio que desapareça daquela cadeira. Gostava de lhe pedir satisfações sobre as alterações feitas ao programa e por em causa os seus objetivos, gostava de lhe puxar as orelhas e dizer estiveste mal e desiludiste-me, tal como um professor desilude um aluno...

Nota:
Rankings coisa absurda, irreal e mal estruturada. Não percebo, nunca perceberei, como se comparam os resultados de uma escola de um meio privilegiado, com uma escola de um meio desfavorecido. Não têm os mesmo meios, os mesmo objetivos e ainda menos o mesmo contexto social. A variabilidade não deveria ser castrada com a ditadura da medida e dos resultados, somos um país pequeno mas com realidades muito diferentes, penso que isso deveria ser respeitado. Vejo escolas públicas com campanhas de marketing, que olham os alunos e encarregados de educação como clientes; que os compram com promessas de boas notas, publicitam o lugar no ranking e o facilitismo, lei da oferta e da procura a famosa mercantilização do ensino.

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