Rever 2008
2008 foi um ano fértil como poucos, imensos festivais (alguns de notável qualidade), concertos inesquecíveis, revelações assinaláveis e grandes regressos.
- Começo pelo REGRESSO, sem dúvida Portishead foi o regresso do ano, com um som sempre inovador e uma Beth Gibbons notável.
Third é o álbum que marca o seu regresso, um álbum que divide opiniões: os saudosos do Dummy acham-no uma desilusão, outros acham-no magistral a prova de que eles são de facto inovadores e geniais. Eu incluo-me nos segundos, considero-o mesmo o “meu” álbum do ano.
- As aparições foram incontáveis, mas as REVELAÇÕES são numeráveis.
Em Portugal destacam-se:
Deolinda, com Ana Bacalhau à cabeça, reinventaram o fado. Tiram-lhe o xaile negro e vestem-lhe um lenço colorido, mostraram aos portugueses que o fado pode ser divertido, quase dançável, mantendo sempre a sua identidade. Um trabalho admirável.
Os Pontos Negros, surgem com um Magnifico Material sem nada de inútil. Aparecem como num conto de fadas e mudam o pop/rock português, claramente para melhor…
Rita Redshoes, a Dorothy que faltava a Portugal. Havia ainda lugar no nosso panorama musical para esta menina de ar delicodoce, com voz melodiosa e com música muito boa.
Nota positiva ainda para: Projecto Fuga, Peixe:Avião, Moulinex.
Além fronteiras:
Hercules and Love Affair, som muito cosmopolita. Este grupo surge combinando algumas coisas boas que se faziam na música há já algum tempo (Anthony & The Jonhnsons e CocoRosie), desta combinação surge um álbum fantástico com uma sonoridade contagiante. Ao vivo parece faltar-lhes experiência, pelo menos juntos.
Glass Candy, som erótico. Mesmo não sendo o seu primeiro trabalho são para mim uma das revelações do ano, ouvi pela primeira vez nos Bons Rapazes (óptimo programa, na antena3, para quem gosta de musica nova) e fiquei fã. Misturam estilos adormecidos, como o disco, com batidas contagiantes e dançáveis, e a voz de Ida No resulta maravilhosamente. Mistura perfeita…
Santogold, lufada de alegria. Música bem disposta, bem feita e extremamente alegre é assim que vejo o primeiro trabalho de Santi White, LES Artistes faz, sem dúvida, parte da banda sonora de 2008. Mas o Santogold é bem mais que esse single, é um álbum cheio de boa música com um som festivo, algo semelhante a M.I.A., mas com uma identidade muito própria facilmente reconhecida em qualquer dista de dança.
Nota positiva ainda para: MGMT, Vampire Weeken , Adele.
- Dos inúmeros os FESTIVAIS que por cá tivemos fui a alguns, não a todos porque o verão foi curto e alguns deles coincidiram.
Mesmo assim fui ao SBSR (Porto), Optimus Alive, Delta Tejo, Anti-Pop Music Festival, Sudoeste e Sagres Surf Fest. Destes confesso que os de maior qualidade foram Optimus Alive, Sudoeste e Anti-Pop Music Festival.
O Optimus Alive um festival com grande ambiente, mas pouco espírito “festivaleiro”. Um cartaz invejável, de onde destaco o palco Metro por onde, no dia 10 de Julho, passaram alguns dos nomes do ano (MGMT, Vampire Weekend, Hercules and Love Affair) e a enorme Peaches, que fez esquecer a falta dos CSS…
O Anti-Pop Music Festival é o melhor festival para que gosta de um ambiente alternativo e música “anti-pop”, apesar de achar que os sets ficaram aquém do que foi ouvido em anos anteriores. Mesmo assim altamente recomendável.
O Sudoeste valeu pelo cartaz, dando-me o prazer inesquecível de ver e ouvir o grande espectáculo de Björk ao vivo, memorável. Digna de menção foi também a explosão dos The Chemical Brothers. Gostei muito das praias e pouco do ambiente/pessoas.
- 2008 foi também um ano fértil em CONCERTOS, bons concertos.
Foram muitas as críticas, acharam principalmente que não havia à-vontade da Beth Gibbons, mas discordo completamente. O ambiente místico vivido por quem assistiu não deixa dúvidas de que foi um momento único, foi o concerto a que assisti até hoje em que o respeito pelo artista era tal que o Coliseu podia ser confundido com uma qualquer igreja. Assistir a este concerto foi uma honra e um momento inesquecível…
Uma pequeníssima amostra
- Ainda alguns destaques:
- Chegou este ano a consagração nacional e internacional de David Fonseca, de quem gosto bastante tanto ao vivo como em CD (que data de 2007), parece que o reconhecimento merecido está a chegar.
- Rodrigo Leão que lança no final de 2007 o seu “Portugal, Retrato Social” que é o espelho da genialidade de um grande compositor, um português pouco reconhecido por cá. Proporcionando a quem ouve as suas composição e assiste aos seus concertos momentos mágico.
- Buraka Som Sistema deram-nos um bom presente de final de ano, o seu Black Diamond vem confirmar o que já se suspeitava eles são um dos maiores valores musicais portugueses, também reconhecidos no resto do mundo, do momento.